“É possível que, na vida comum, algumas pequenas deficiências nos corpos passem despercebidas, mas quando pisamos no palco, por menores que sejam elas, chamam a atenção. Ali o ator é esmiuçado por milhares de espectadores como que através de uma lente de aumento.” Constantin Stanislavski
Começamos nossa conversa sobre o corpo cênico com essa frase de Stanislavski que é ator, diretor e fundador do método teatral realista em meados de 1890 na Rússia. Suas técnicas de expressão corporal visavam nada mais que o estudo detalhado do seu objetivo criado a partir da experimentação interna. Mas antes de nos aprofundarmos nas técnicas de Stanislavski, vamos ao conceito de Corpo Cênico?
O Corpo Cênico é aquele que explora o espaço e tempo ao derredor, investigando suas possibilidades, criando rascunhos e delineamento com o seu corpo, tomando nota e absorvendo o que acontece no externo e no interno do seu aparelho artístico. Dessa forma, criando um fluxo entre ações, emoções e sentimentos.
Quando falamos de movimento, não podemos deixar de falar sobre intenção. A intenção no movimento é tornar o corpo com mais profundidade artística, pois afinal, quando se entra em cena é necessário que o ator tenha consciência de tudo que acontece com seu corpo, mente e fala. Podendo até dizer que o ator é a consciência da personagem.
Mas não se engane, o corpo cênico não é somente para atores, ele é incutido aos artistas que usa seu corpo como instrumento de trabalho. Seja desde o circense até dançarino de rua. Suas habilidades corporais devem cercar a encenação, pois é sempre a personagem que está à mercê dos palcos.
• Vamos descobrir agora qual é a importância da experimentação interna para o corpo cênico?
O método de Stanislavski vai nos ajudar hoje a desvendar isso. Ele relata em uma de suas aulas, no livro “A construção da personagem” uma performance que se pode considerar até contemporânea, onde os alunos eram convidados a segurar em suas mãos uma gota de mercúrio imaginária e passar por seu corpo, e essa gota iria passeando nas articulações e indo de uma extremidade a outra criando um caminho sem deixar com que se perca nada dessa gota.
Nesse estímulo os corpos ali presentes eram levados a variações guiados por essa experimentação que surgia de suas mentes. Poderiam até ter sensações, dependendo da vulnerabilidade de cada ator. Essa percepção interna desse tal mercúrio trouxe a eles uma consciência corporal fora de sua zona de conforto e é dessa forma que o corpo vai se tornando mais presente no palco. Só que em vez de um mercúrio imaginário guiando, serão os sentimentos da personagem.
Assim o corpo cênico vai nascendo, com investigação, experimentação interna, intenção e ação.
E aí gostou de saber disso? O que mais você quer saber sobre o corpo cênico? Diz pra gente.







