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A ESPIRITUALIDADE DA PERSONAGEM

Se você acha que vamos falar de religião aqui, está enganado. Mas sim! A personagem tem uma espiritualidade e é parte fundamental que a torna real, muito mais para o ator do que para a platéia que o assiste. 

 

Para darmos início a esse conteúdo é necessário que tenhamos entendimento de alguns conceitos que se utilizam entre os atores (que são muitos). Mas vamos tratar de somente dois que são suficientes para um entendimento básico dessa tal espiritualidade da personagem. São eles o subtexto e a linha contínua.  

SUBTEXTO: é o que chamamos de entrelinhas, onde o ator é convidado a desvendar aquilo que não está escrito. Essa parte é onde o ator assume a responsabilidade de colocar em prática todo o entendimento que teve do roteiro como também suas impressões sobre ele, fazendo com que nada afetasse a performance. Ele leva o ator a ter um melhor relacionamento com os objetos de cena, auxiliando no processo de criação da personagem, sentimentos, emoções e interpretação.

LINHA CONTÍNUA: é a vida da personagem, falando resumidamente. Ela é onde habita a compreensão do que aconteceu (passado), acontece (presente) e acontecerá (futuro) na vida da personagem, e quanto mais profundo for, mais rico em detalhes será a atuação. Dessa forma, quando essa linha se interrompe, pela falta de imersão, concentração e atenção do ator, ele já não consegue mais sustentar a realidade da personagem em cena.

Mas por que falamos disso tudo para chegar à espiritualidade da personagem?

Esses dois conceitos vividos e experimentados traçam um caminho para a espiritualidade. Afinal, como Stanislavski diz, são raríssimas as vezes em que o ator irá deixar-se arrebatar de tal modo que consiga num único relance criar todo o espírito da personagem. Ele na verdade é criado a partir da vulnerabilidade que o ator se coloca estudando o subtexto e a linha contínua da personagem. Ressaltando que são inúmeros os conceitos a serem praticados, mas estes são um bom começo para sua prática. 

A personagem é uma nova vida ali que merece todo o cuidado e nenhum julgamento, afinal o ator é somente o intérprete. Então como dizer que a personagem não tem espírito se é uma via além da minha? E essa é uma das importâncias de considerar a espiritualidade, pois a personagem é uma vida que não é a do ator, e se ele não se preparar adequadamente para receber essa vida talvez não consiga ser ele mesmo novamente.

O ator não pode se deixar levar pelo tanto faz, por isso estude, crie, se deixe perceber os detalhes e as riquezas de uma nova vida e a deixe viver sem deixar-se para trás.

 

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